assédio

faz tempo que ando afastada dessa coisa de blog. já tive vários. sobre minha forma de pensar, sobre sexo, sobre comidas... nunca com pretensão de ser uma personalidade famosa da internet, nem querendo ser seguida por fãs, apenas pra ter uma forma de guardar meus pensamentos para no futuro eu ver a diferença de como eu pensava antes dos dias atuais e/ou futuros.
já vou deixar claro que não pretendo escrever com erros de português, a não ser pelas palavras todas em minúsculas, simplesmente porque simpatizo mais com as letras em caixa baixa.
este novo blog eu pretendo expor meu dia a dia, minha experiência, felicidades e frustrações, talvez coisas que eu não esteja me sentindo à vontade pra conversar com outra pessoa.
quando eu estava prestes a concluir meus 30 anos, achei que deveria escrever um livro contando um pouco da minha vida. da infância, dos amigos, dos namorados, principalmente dos namoros e casos, naquele livro, eu foquei muito no conteúdo sexual. acredito que eu estava vivendo a fase de maior auto-estima que já vivi. me sentia linda, segura, sexy, independente, poderosa, atraente, desejada.
e estipulei a data do aniversário de 30 anos pra fazer uma espécie de antes e depois na minha vida, como se eu fosse uma pessoa antes e outra depois daquele dia. e praticamente foi isso mesmo. próximo a esta data, trabalhava numa empresa onde era a secretária da presidência de uma grande empresa. organizava eventos, reuniões, e fazia serviços da função, como atender telefonemas, anotar recados, mandar e-mails, etc.
um dia passei a servir de amiga do chefe, ele com seus mais de 65 anos, tentava manter uma pose de grosseiro e arrogante, vivia nesse personagem por medo de mostrar que era sensível e assim achava que os funcionários subordinados iriam tratar de igual para igual para com ele, e ele não poderia se misturar. este senhor não tinha tanta pose ao meu lado, uma vez que todos tinham medo de sua presença, e eu o tratava como pessoa normal que ele era. eu dava bom dia, conversava coisas do cotidiano, reclamava de algum problema em comum com outros funcionários, conversava sobre a vida, e isso fez com que o chefe não usasse aquela armadura o tempo todo. claro que ele era duro as vezes. mas eu passei a perceber que ele era na verdade um homem muito solitário, de poucos amigos de verdade com quem pudesse desabafar, e acabei servindo de válvula de escape para ouvir os desabafos sobre a namorada que ele sustentava há anos, dando tudo do bom e do melhor, desde coberturas de frente para praia, carros de luxo, viagens, cirurgias plásticas e até emprego. foi quando ele descobriu que a namorada tinha outro, que por acaso ele acabava bancando os luxos do amante. só que aquela notícia só foi surpresa para o meu chefe. todos sabiam que ela era mulher de quem desse mais, de quem pagasse mais ou fosse mais safado com ela, que a tratasse como prostituta mesmo. ela trabalhava na mesma empresa e cheguei a ficar bem próxima no ano anterior, ela contava detalhes de suas relações sexuais e até fotos ela mostrava, e ficava bem claro que naquela foto não era o nosso chefe.  nome dela: Rosi. nome dele: José. o resumo da vida deles é que ela era uma funcionária recepcionista que viu nele a oportunidade de sair da pobreza e ele largou a esposa e filhos pra ficar com ela, mesmo que morando em imóveis separados.
quando eu fui contratada para ser secretária, ao mesmo tempo ela saiu, na verdade eu estava indo substituí-la, uma vez que haveria uma festa de grande porte da empresa e ela que era responsável, simplesmente sumiu por mais de um mês, e então como eu já havia trabalhado na empresa fui chamada para retornar e fazer os serviço. o salário era bem atraente. o dobro de quando eu trabalhava antes.
acompanhei ao chefe em um aniversário de uma rede de supermercados. ele me deixou próximo a condução para retornar para casa, isso já era madrugada, se não me engano era mês de julho de 2009.
a nossa festa era em agosto e não tinha nada pronto ainda, nenhum patrocínio, nem decoração encomendada, nem convites, nada. e eu dei conta de tudo. nas vésperas da festa a Rosi voltou sem mais nem menos, como se nada tivesse acontecido, me ignorou e nem falou comigo, como se eu fosse culpada de o Jose ter sabido da traição dela e com isso rompido o relacionamento. ela por sua vez falou com ele que não queria a minha presença na festa, e ele negou, uma vez que eu tinha feito a festa acontecer. José sabia que eu não tinha um guarda roupas elegante, e por isso fez questão de me convidar a ir em um shopping para que comprasse um vestido para aquela ocasião. comprou um vestido que eu não teria coragem de pagar aquele valor, mas ele queria, e não ia fazer falta aqueles 300 reais. naquele dia conversamos muito, e ele me pediu opinião de como lidar com a ex. era nítido que ele era louco de amor por ela, mas ele não perdoaria a traição.
falei que ele deveria tentar reatar com a esposa, que tinha um bom contato e bom relacionamento apesar de tudo. acho que naquele momento ele pode ter confundido tudo. eu estava ali a postos pra ser a melhor amiga, apesar de muito mais nova, eu podia dar minhas opiniões e até umas dicas, oferecer o ombro caso ele quisesse chorar, desabafar. eu não estava ali pra julgar ninguém.
tive pena dele. um senhor de mais de 65 anos, triste porque estava sofrendo de amor.
fui à festa, e assim que cheguei fui abordada por um dono de mercado ou de empresa alimentícia importante, ele deixou claro que estava me chamando de prostituta, me convidando pra ir pra um lugar mais tranquilo pra ficarmos a sós, ele veio me chamando pelo meu nome. me senti tão mal, mas tão mal que quase dei um tapa nele, mas mantive a pose e disse que o rapaz estava se confundindo, que eu não era garota de programa e que ele fosse procurar outra pessoa.
logo em minutos eu estava trêmula e com os nervos a flor da pele, quando encontrei um representante que era diretor da empresa que eu trabalhava e contei o que havia acontecido, e ele deixou claro que foi tudo armado pela Rosi.
fim da festa e o José me chamou pra ir com ele resolver uns problemas, e eu nem fazia ideia do que era, mas ele disse que não queria ir sozinho. e eu como amiga entrei no carro, pensando que não ia demorar mais de meia hora. foi quando ele pegou a estrada e eu comecei a ficar tensa. ele estava indo pra fazenda dele em itaipava. ele viu que eu fiquei apreensiva quando me viu mandando mensagem pra minha irmã avisando onde eu estava. ele me mostrou a propriedade, linda. fazenda com casa maravilhosa, com lareira, vários quartos, até uma igrejinha e um lago faziam parte do local. conversamos, e passamos a noite lá. eu fui pro quarto de hóspedes, e deixei bem trancado, mesmo confiando que ele era só meu amigo, não custava nada me prevenir, nunca se sabe o que passa na cabeça de um homem. no dia seguinte, voltamos a empresa, e ele me dispensou do trabalho naquele dia, uma vez que eu nem tinha trocado de roupa.
continuamos trabalhando juntos como secretária e chefe. eu ouvia as lamúrias dele e dava minha opinião quando solicitada, nunca denegrindo a imagem da ex.
um dia de reunião entre a diretoria e presidência, o sr, josé bebeu um pouco a mais de vinho e parece que tomou coragem de fazer o que ele fez. ele tinha uma sala no mesmo prédio, e solicitou ao office boy que eu fosse até lá. isso nunca tinha acontecido, mas como nos últimos meses muitas coisas estavam diferentes, eu fui. quando cheguei na sala, ele pediu que eu fechasse a porta e assim que fiz ele me agarrou. de uma forma que eu fiquei estática. eu não tinha reação, e ao mesmo tempo me passava o desemprego na mente. se eu gritar vou ser taxada de maluca e ainda perco o emprego, se eu contornar a situação, continuo com o emprego que diga-se de passagem está muito difícil de arranjar outro.
tentei contornar e conversar que ele estava confundindo as coisas. naquela hora ele disse que estava apaixonado por mim, e que me queria, que eu teria tudo o que eu quisesse, que viajaríamos pra Bariloche, que eu não me preocupasse com nada. minha cabeça parou.ele me agarrou mais duas vezes na mesma hora, esse "agarrou" significa que ele me beijou a força. continuei dizendo e tentando manter a calma, que ele estava confundindo minha amizade, que eu não gostava dele como ele estava falando etc. voltei pra minha sala e logo deu a hora de ir embora. me senti impotente. queria chorar, gritar, sumir dali.
no dia seguinte, voltei ao trabalho, cheguei um pouco antes do meu horário, por acaso, não teve trânsito. aproveitei pra tirar um cochilo sentada no sofá da minha sala, foi quando eu acordei com o sr. Jose praticamente em cima de mim e com o rosto muito próximo ao meu. ele falou: bom dia meu amor. e eu na mesma hora mandei que se afastasse. em pouco tempo fui transferida para outro setor da empresa, deixando de ser a secretária da presidência pra ser atendente de sócios na secretaria.
a Rosi voltou, mas numa outra função também, ela ficou como gerente de marketing e uma nova funcionária foi contratada para secretária da presidência.
quando contei pra algumas pessoas sobre esse assédio que eu vivi, ouvi de tudo um pouco. e o que me deixou mais marcada foi ouvir de uma amiga a seguinte frase: "mas não dá pra investir não? investe no velho sua boba, assim você tem um futuro garantido".
e teria mesmo se eu não tivesse bom caráter. infelizmente o Sr José acabou se evolvendo com a nova secretária, mais uma que tentou dar o golpe nele, essa parece que só conseguiu chantageá-lo em um carro.
outro assédio, desta vez moral, que eu vivenciei na mesma empresa, foi quando estava na secretaria atendendo aos sócios. num dia ao chegar na empresa fui ao banheiro e quando fiz xixi, e olhei pro vaso sanitário, estava lavado de sangue, sendo que eu não estava menstruada e nem sentia dor. achei melhor agendar uma consulta com uma proctologista. os dias de maior movimento na empresa eram as terças e quintas-feiras, nas sextas nem havia movimento, era um dia morto. então achei melhor marcar pra próxima sexta. por acaso era véspera de carnaval, e ao avisar aos diretores que eu teria que sair mais cedo, um deles, o sr. wilson, antes de me consultar teve a ideia de pedir que a esposa dele, que eu nunca vi, ligasse para o consultório se passando por mim e alterando a data da minha consulta. achei aquilo um absurdo tão grande. e o sr. Wilson sabia que estava fazendo errado quando fez isso, tanto que ele na mesma hora chamou o advogado com medo que eu entrasse com processo contra ele, por falsidade ideológica e invasão de privacidade. o advogado me contou que ele estava com medo, porque seria um grande escândalo na empresa e ele poderia perder clientes por isso. fiquei na minha, não processei, não prejudiquei ninguém.
fui mais uma vez transferida de cargo, agora fui trabalhar digitalizando o arquivo morto da empresa. e assim que fiz um ano com a carteira assinada, fui demitida sem mais nem menos, nem ao menos uma explicação, uma satisfação.
passados 8 meses, sr josé me convidou a ser funcionária dele novamente, mas como auxiliar administrativo do prédio onde funcionava a grande empresa. ele era o síndico do condomínio e sabia da minha índole, sabia que eu era de confiança e responsável. o salário era muito menor do que o anterior, mas eu estava desempregada e nesse tempo eu havia montado um salão de cabeleireiros com meu pai, mas ele mesmo me passou a perna. ou seja, não tive como negar. era um bom emprego, apesar de muitos problemas e dificuldades como nem água potável para beber nós tínhamos... aos poucos eu conseguia melhorar as coisas ali, já que sr. josé me ouvia as vezes.
...
no próximo post, conto as coisas que passei nessa empresa...

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